[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]
[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]

O Relatório Mundial de Malária, divulgado nesta terça-feira (13) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revela que crianças e mulheres grávidas na África Subsaariana têm maior acesso ao controle efetivo da malária. Em toda a região, um aumento no uso dos testes de diagnóstico para crianças e no tratamento preventivo para gestantes tem sido relatado nos últimos anos. O uso de mosquiteiros tratados com inseticidas tem se expandido rapidamente entre todas as populações em risco de contrair a doença.

YIDA REFUGEE CAMP, SOUTH SUDAN - JULY 5: Rihab Kisa holds her newborn baby girl Jajia, born overnight inside her small hut at the Yida refugee camp along the border with North Sudan July 5, 2012 in Yida, South Sudan. The number of people arriving at the Yida refugee camp increases every day with the current population exceeding 64,000, as refugees continue to flee South Kordofan in North Sudan. Refugees arriving from the North can number between 500 to 1,000 a day and many have experienced long, arduous journeys without food to reach the camp. The rainy season has increased the numbers suffering from diarrhea, severe malnutrition and malaria. Even with refugees having food, there are sanitation issues causing increasing incidents of illness with the field hospitals saying that 95% of all patients are under the age of five. (Photo by Paula Bronstein/Getty Images)

No entanto, em muitos países da região, ainda existem lacunas substanciais na cobertura de programas. A insuficiência de financiamento e sistemas de saúde frágeis estão prejudicando o progresso global, comprometendo a consecução dos objetivos globais.

Aumento no controle da malária

A África Subsaariana carrega uma parte desproporcionalmente alta da carga global de malária. Em 2015, a região registrou 90% dos casos de malária e 92% das mortes pela doença. Crianças com menos de cinco anos são particularmente vulneráveis, representando cerca de 70% de todas as mortes por malária.

Os testes de diagnóstico permitem que os profissionais de saúde detectem rapidamente a malária e administrem o tratamento que pode salvar vidas. Novos achados apresentados no relatório mostram que, em 2015, aproximadamente metade (51%) das crianças com febre buscando cuidados em unidades de saúde pública em 22 países africanos receberam o teste diagnóstico para malária – comparado com os 29% em 2010.

malária

Para proteger as mulheres em áreas com transmissão moderada ou alta de malária na África, a OMS recomenda o “tratamento preventivo intermitente na gravidez” com sulfadoxina-pirimetamina. O tratamento, administrado em cada visita pré-natal programada após o primeiro trimestre, pode prevenir a mortalidade materna e infantil, anemia e outros efeitos adversos da malária na gestação.

De acordo com os dados disponíveis, houve um aumento de cinco vezes na porcentagem de mulheres recebendo as três ou mais doses do tratamento preventivo recomendadas em 20 países africanos. A cobertura atingiu 31% em 2015, ante os 6% registrados em 2010.

Mosquiteiros tratados com inseticidas são a pedra angular dos esforços de prevenção da malária na África. O relatório indica que, em 2015, mais da metade (53%) da população em risco na África Subsaariana dormiu embaixo de mosquiteiros tratados, comparado com os 30% em 2010.

No mês passado, a OMS divulgou os resultados de uma avaliação de cinco anos em cinco países. O estudo mostrou que as pessoas que dormiam sob mosquiteiros impregnados com inseticidas de longa duração (MILDs) apresentaram taxas significativamente menores de infecção por malária do que aquelas que não usaram a proteção, apesar de os mosquitos mostrarem resistência aos piretróides (a única classe de inseticida usada em MILDs) em todas essas áreas.

Uma agenda inacabada

A malária continua como um grave problema de saúde pública, particularmente na África Subsaariana. De acordo com o relatório, houve 212 milhões de novos casos de malária e 429 mil mortes causadas pela doença no mundo em 2015.

Ainda existem lacunas substanciais na cobertura das principais ferramentas de controle da malária. Em 2015, cerca de 43% da população da África Subsaariana não estava protegida por mosquiteiros tratados ou por pulverização com inseticidas, os principais métodos de controle do vetor.

Em muitos países, os sistemas de saúde estão com poucos recursos e são pouco acessíveis para as pessoas com maior risco de contrair malária. Em 2015, uma grande proporção (36%) das crianças com febre não foram levadas a um centro de saúde para atendimento em 23 países africanos.

“Estamos definitivamente vendo progresso”, observa Pedro Alonso, Diretor do Programa Mundial de Malária da OMS. “Mas o mundo ainda está lutando para alcançar os altos níveis de cobertura do programa, necessários para vencer esta doença.”

Objetivos globais

Na Assembleia Mundial da Saúde de 2015, os Estados-Membros adotaram a Estratégia Técnica Mundial para a Malária 2016-2030. Ela estabeleceu metas ambiciosas para 2030, com marcos a cada cinco anos para acompanhar o progresso.

A eliminação da malária em pelo menos 10 países é um marco para 2020. O relatório mostra que as perspectivas para alcançar essa meta são favoráveis: em 2015, 10 países e territórios relataram menos de 150 casos autóctones de malária e outros nove países relataram entre 150 e 1.000 casos.

Os países que atingiram pelo menos três anos consecutivos sem casos autóctones de malária são elegíveis para se candidatar à certificação da OMS de eliminação da doença. Nos últimos meses, a Diretora-Geral da Organização certificou que o Quirguistão e Sri Lanka haviam eliminado a malária.

Entretanto, os progressos em direção aos outros objetivos-chave devem ser acelerados. A estratégia prevê uma redução de 40% na incidência de casos de malária até 2020, em comparação com uma linha de base de 2015. De acordo com o relatório, menos da metade (40) dos 91 países e territórios com malária estão caminhando bem para alcançar esse marco. Os progressos têm sido particularmente lentos nos países com uma elevada carga da doença.

Necessidade urgente de mais financiamento

O financiamento continuado e suficiente para o controle da malária é um sério desafio. Apesar de um aumento acentuado no investimento global para a malária entre 2000 e 2010, o financiamento tem, desde então, se estagnado. Em 2015, o financiamento da malária totalizou US$ 2,9 bilhões, representando apenas 45% do marco financeiro para 2020 (US$ 6,4 bilhões).

Os governos dos países com malária endêmica forneceram cerca de 32% do financiamento total em 2015. Os Estados Unidos são o maior financiador internacional para malária, representando cerca de 35% do financiamento total em 2015, seguido pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (16%). Se os objetivos globais forem cumpridos, o financiamento de fontes nacionais e internacionais deve aumentar substancialmente.

Nota para os editores

No mês passado, a OMS anunciou que a primeira vacina contra a malária do mundo seria implementada por meio de projetos-piloto em três países da África Subsaariana. A vacinação começará em 2018. A vacina – conhecida como RTS, S – age contra o P. falciparum, o mais prevalente na África. Ensaios clínicos avançados têm demonstrado a RTS, S para fornecer proteção parcial contra a malária em crianças pequenas. Para obter mais informações, visite: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2016/funding-malaria-vaccine/en/.

Avaliação multi-país da OMS sobre MILDs

Em 16 de novembro de 2016, a OMS divulgou os resultados de uma avaliação quinquenal realizada em 340 localidades de cinco países: Benin, Camarões, Índia, Quênia e Sudão. Os resultados desse estudo reafirmam a recomendação da OMS de cobertura universal de MILDs para todas as populações em risco de malária. Para mais informações, visite: http://www.who.int/malaria/news/2016/llins-effective-toolmalaria-fight/en/.

Leia mais:

OMS: 3,2 bilhões de pessoas estão em risco de contrair malária no mundo

FONTE: Organização Pan-Americana de Saúde