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Covid-19 e as implicações de longo prazo em jovens

O artigo Younger Brazilians hit by COVID-19 – What are the implications? De autoria dos pesquisadores do Observatório Fiocruz Covid-19 e publicado em periódico do grupo inglês The Lancet em 14 de julho abordou a constatação de que os casos de Covid-19 nas faixas mais jovens (adultos entre 20 e 59 anos) que evoluem gravemente e resultam em óbito estão cada vez mais frequentes, o estudo destaca que essa faixa etária poderá ser altamente afetada pela ocorrência de Covid-19 longa ou síndromes pós-Covid.

Como o sistema de saúde está sobrecarregado em muitas cidades, uma implicação imediata é o crescente tempo de internação por Covid-19. A carga de doença entre os adultos jovens pode comprometer cronicamente sua qualidade de vida e a capacidade para as atividades diárias, incluindo o trabalho. Este cenário poderá criar um impacto social de longo prazo dramático.

Leia também: Aumento de casos de Covid-19 nas faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos

O estudo observa que, no início de 2021, houve uma aceleração significativa da incidência e mortalidade da Covid-19 no Brasil. Até a primeira semana de junho o Brasil havia atingido quase 17 milhões de casos e pouco mais de 472 mil mortes. A mudança demográfica tem sido observada neste período, em que adultos jovens e de meia-idade passaram a representar uma parcela crescente dos pacientes internados em enfermarias e unidades de terapia intensiva (UTI). O perfil de internações mudou com a substituição de pacientes idosos − com maior risco de desenvolver formas graves devido a condições crônicas pré-existentes − por pacientes mais jovens com Covid-19.

O Observatório Covid-19 da Fiocruz acompanha desde janeiro esse processo, que ficou conhecido como “rejuvenescimento” da pandemia. A metodologia envolve uma análise semanal por distribuição de idade e idade média dos casos e óbitos hospitalizados e a proporção absoluta e relativa de pacientes hospitalizados e óbitos por Covid-19 por grupos de idade. Os casos são agregados por semana epidemiológica, de acordo com a data dos sintomas iniciais para os casos confirmados por Covid-19.

Diante do contexto atual da pandemia, os cientistas destacam três fatores principais que contribuíram para a mudança na dinâmica da pandemia. Em primeiro lugar, a entrada e o aumento da circulação de novas variantes de preocupação (VOC, em inglês). Em segundo, a irregularidade na oferta de auxílio emergencial para a população em situação de pobreza tem levado a um maior relaxamento nas medidas de distanciamento físico, uma vez que mais pessoas tiveram que ir às ruas para trabalhar e obter alguma renda para se alimentar. A vacinação contra a Covid-19 começou no Brasil imediatamente após a aprovação da primeira vacina pela Anvisa em 17 de janeiro de 2021 e tem coberto de forma diferenciada grupos prioritários − trabalhadores de saúde, pessoas institucionalizadas com mais de 60 anos ou com deficiência, a população indígena em tribos e os idosos.

Um dos desafios apontados no artigo é a necessidade de analisar os impactos de raça/etnia, gênero e classe social, assim como e avaliar as diferentes vulnerabilidades e desigualdades. “A mensagem é clara. Precisamos olhar para os jovens adultos, especialmente os mais vulneráveis, engajando-nos com eles com urgência. O calendário vacinal avança ainda timidamente entre os grupos de jovens, e as medidas de saúde pública não farmacológicas continuam a ser essenciais. Essa recomendação deve ser feita com responsabilidade, garantindo a proteção social necessária por parte do governo para que as pessoas possam ficar seguras em casa sem comprometer as condições mínimas de subsistência, agora e no futuro, dessa população”, afirmam.

O artigo é assinado pelos pesquisadores Raphael Mendonça Guimarães, DSc PhD; Margareth Crisóstomo Portela, PhD; Daniel Antunes Maciel Villela, PhD; Gustavo Correa Matta, DSc; e Carlos Machado de Freitas, DSc, todos da Fiocruz.

 

Fonte da imagem: Freepik

FONTE: Fiocruz

 



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