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Conheça a Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas

Exemplos de cidades brasileiras com práticas amigas das pessoas idosas incluem Jaguariúna, Veranópolis e Pato Branco

A Região das Américas está passando por um processo de envelhecimento acelerado e desigual. Entre 2025 e 2030, espera-se que a expectativa de vida na América Latina e no Caribe aumente para 80,7 anos para as mulheres e 74,9 anos para os homens, ao passo que no Canadá e nos Estados Unidos da América, espera-se que esse índice seja ainda maior: 83,3 anos para as mulheres e 79,3 anos para os homens.

Embora o envelhecimento da população nos Estados Unidos e no Canadá tenha ocorrido gradualmente ao longo de 50 anos — atualmente, 20,7% de suas populações têm 60 anos ou mais —, na América Latina e no Caribe, a mudança é mais abrupta. Hoje, as pessoas com mais de 60 anos representam cerca de 13% da população do Caribe, 12% da população da América do Sul e 9% da população da América Central.

Entretanto, até 2050, estima-se que aproximadamente 25% da população da sub-região terá 60 anos de idade ou mais, o que implica que o número de pessoas nessa faixa etária terá aumentado de 59 milhões em 2010 para 196 milhões em 2050. Nesse contexto, é de grande importância elaborar estratégias para promover o envelhecimento saudável das populações, o que exige a interação de diferentes atores e ações em diferentes áreas e dimensões das sociedades e da vida das pessoas.

O envelhecimento saudável consiste em criar oportunidades para que todas as pessoas vivam, sejam e façam o que valorizam ao longo de todo o curso de vida. Para isso, é preciso considerar três dimensões: a habilidade funcional das pessoas, ou seja, a capacidade de satisfazer suas necessidades básicas e garantir um padrão de vida adequado; a capacidade intrínseca, que inclui todas as capacidades físicas e mentais disponíveis para uma pessoa; e, por fim, os ambientes em que as pessoas vivem e se desenvolvem, que moldam suas vidas e determinam o que elas, com um determinado nível de capacidade intrínseca, podem ser e fazer ao longo da vida e, portanto, são de especial relevância no contexto do envelhecimento da população.

 

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Os ambientes incluem o lar, a comunidade e a sociedade em geral, e estão relacionados aos produtos, equipamentos e tecnologias disponíveis. Além do ambiente natural ou construído, eles englobam o apoio emocional, a assistência e os relacionamentos proporcionados por outras pessoas e animais; a cultura e as atitudes da sociedade, uma vez que influenciam, tanto negativa quanto positivamente, o comportamento da pessoa idosa e de outras pessoas com quem compartilham o ambiente; e os serviços, sistemas e políticas que podem (ou não) contribuir para melhorar a funcionalidade em todas as idades 2 e, particularmente, em idades avançadas.

De forma análoga à sua influência na saúde da população, os ambientes em que as pessoas vivem influenciam o meio ambiente e, por sua vez, são afetados pelas mudanças ambientais. O processo de envelhecimento da população nas últimas décadas foi observado tanto em comunidades urbanas quanto rurais.

Embora algumas das oportunidades e barreiras ao envelhecimento saudável sejam encontradas em ambos os contextos, as áreas rurais enfrentam desafios específicos, como a dispersão geográfica da população, as longas distâncias até os serviços disponíveis e as limitações no fornecimento de transporte público. Essas barreiras também podem dificultar a vida comunitária e levar ao isolamento social desse grupo populacional.

Enquanto isso, em escala mundial, as tendências mostram um nível crescente de urbanização e indicam que, na próxima década, a proporção da população mundial que vive em cidades aumentará dos atuais 56,2% para 60,4% até 2030. A maior parte desse crescimento urbano ocorrerá em cidades com menos de um milhão de habitantes.

As cidades e áreas metropolitanas são centros cruciais de crescimento econômico, mas também são responsáveis por cerca de 70% das emissões mundiais de carbono e mais de 60% do uso de recursos. Além disso, a rápida urbanização e o crescimento urbano descontrolado levam a um número cada vez maior de moradores em bairros pobres, infraestrutura precária e serviços inadequados, o que, por sua vez, gera condições que impulsionam a mudança do clima, como mudanças significativas no uso da terra, grandes perdas de biodiversidade e aumento da poluição.

Embora os riscos ambientais afetem todas as faixas etárias, as evidências mostram que a população de pessoas idosas está em uma situação de maior vulnerabilidade aos seus efeitos. Por exemplo, a combinação de fatores ambientais, como calor extremo, mudanças de temperatura, má qualidade do ar e poluição, é particularmente prejudicial para pessoas idosas que sofrem de doenças cardiovasculares ou respiratórias.

 

Além disso, como resultado da mudança do clima, também ocorrem eventos climáticos extremos — secas, inundações, furacões, entre outros —, que levam ao aumento da mortalidade de pessoas idosas. Parte desse aumento deve-se a dificuldades na obtenção de medicamentos e outros insumos básicos; obstáculos à evacuação rápida (por exemplo, mobilidade reduzida ou planos de evacuação que não consideram as necessidades específicas desse grupo etário); e um risco maior de abandono ou migração forçada para comunidades cujo ambiente não lhes é familiar, colocando-as em situação de vulnerabilidade.

A mudança do clima, a urbanização e o envelhecimento da população estão ocorrendo simultaneamente, e seus efeitos combinados sobre a saúde e o bem-estar das pessoas idosas (agora e no futuro) precisam ser mais bem compreendidos e abordados pelos responsáveis pela adoção de decisões políticas em todo o mundo. Essas ameaças são agravadas pela fraca governança da saúde e pelas crescentes desigualdades no acesso aos serviços de saúde, além de fatores como liderança, experiência e recursos limitados do setor da saúde no âmbito da saúde ambiental.

Em resposta a esses fenômenos e no marco da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) proclamada pelas Nações Unidas, os ambientes foram identificados como uma das áreas de ação na qual os países devem trabalhar para garantir o envelhecimento saudável e o bem-estar de toda a população.

 

A Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas

O objetivo de assegurar que as comunidades promovam as capacidades das pessoas idosas deve ser abordado a partir de uma estratégia holística que considere não somente medidas para melhorar as construções e a arquitetura das cidades e comunidades onde vivem, mas também os contextos físicos, sociais e econômicos e as influências que permitem que as pessoas vivam e envelheçam usufruindo das oportunidades de todas as etapas da vida e do que elas querem ser e fazer em cada etapa. Devido aos elos entre os ambientes construídos, os ambientes naturais e a saúde das pessoas idosas, as políticas e intervenções locais podem ter efeitos sinérgicos que beneficiam a saúde da população e protegem o meio ambiente.

Conceber ambientes amigos das pessoas idosas significa colocá-las no centro da ação política, não apenas destacando suas demandas e necessidades, mas também incluindo-as como atores estratégicos para a concepção, implementação e sustentabilidade das iniciativas, considerando suas importantes contribuições para a sociedade e a pluralidade de perspectivas e vozes que representam. Uma estratégia para avançar nessa direção é o Programa de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que promove a adaptação das cidades e comunidades ao que as pessoas idosas precisam e valorizam a partir de uma perspectiva intersetorial e multidimensional. As cidades e comunidades que desejam trabalhar para adaptar seus ambientes e se tornarem amigas das pessoas idosas podem aplicar as ferramentas oferecidas pelo programa. O principal instrumento para tanto é o documento Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas, que propõe oito áreas temáticas interconectadas para identificar e abordar as barreiras ao bem-estar e à participação das pessoas idosas.

As áreas são transportes, habitação, espaços exteriores e edifícios, respeito e inclusão social, participação cívica e emprego, comunicação e informação, participação social e apoio comunitário e serviços de saúde. As cidades também podem se juntar à Rede Mundial de Cidades e Comunidades Amigas das Pessoas Idosas (GNAFCC, na sigla em inglês), composta por todas as cidades e comunidades dos Estados Membros da OMS que decidiram aderir ao programa e estão comprometidas em fazer as adaptações necessárias para se tornarem mais amigas das pessoas idosas.

Fonte da imagem: Envato

Fonte: OMS



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