- 16 de janeiro de 2025
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias

Os desafios mais comuns enfrentados por Avaliadores ONA – e como superá-los
Ser um Avaliador IBES/ONA significa contribuir diretamente para a melhoria do sistema de saúde brasileiro.
Os Avaliadores ONA (Organização Nacional de Acreditação) desempenham um papel crucial na garantia da qualidade e segurança dos serviços de saúde no Brasil. Contudo, esse trabalho envolve desafios complexos que exigem habilidades técnicas, comportamentais e estratégicas para serem superados. Este texto explora os principais obstáculos enfrentados pelos avaliadores e apresenta estratégias baseadas em evidências para lidar com eles.
- Resistência à Mudança
Um dos desafios mais comuns é lidar com a resistência de gestores e equipes durante o processo de acreditação. Muitos profissionais enxergam o processo como burocrático ou punitivo, o que pode dificultar a implementação de melhorias.
Solução: Comunicação clara sobre os benefícios da acreditação, como melhoria contínua e aumento da segurança do paciente, pode ajudar a superar essa barreira. Segundo Kotter (2012), engajar líderes locais e celebrar pequenas conquistas durante o processo são estratégias eficazes.
Leia mais: 07 Passos para se Tornar um Avaliador IBES/ONA
- Falta de Comprometimento da Liderança
O engajamento da alta liderança é essencial para o sucesso do processo de acreditação, mas nem sempre é garantido. A ausência de líderes comprometidos pode levar à desorganização e ao atraso na implementação de planos de ação.
Solução: Realizar workshops e reuniões com os gestores para alinhar expectativas e destacar os benefícios estratégicos da acreditação, como maior credibilidade e diferenciação no mercado (Porter & Lee, 2013).
- Desafios na Comunicação Organizacional
A comunicação ineficaz dentro da instituição pode comprometer o entendimento e a adesão aos padrões da ONA. Equipes desinformadas tendem a cometer erros ou não seguir os protocolos recomendados.
Solução: Implementar estratégias de comunicação interna, como newsletters, reuniões regulares e murais de informação, pode ajudar a disseminar o conhecimento sobre o processo de acreditação e os padrões exigidos (Grol et al., 2013).
- Infraestrutura Inadequada
Muitos hospitais e clínicas apresentam deficiências estruturais, como falta de equipamentos ou espaços inadequados para os serviços. Esses problemas podem prejudicar a conformidade com os padrões da ONA.
Solução: Trabalhar em colaboração com a instituição para identificar prioridades e propor soluções viáveis, como reformas graduais ou otimização do uso dos recursos existentes (Kaplan et al., 2004).
- Falta de Cultura de Segurança do Paciente
A ausência de uma cultura organizacional voltada para a segurança do paciente é um desafio significativo. Isso inclui práticas inadequadas e resistência à transparência em incidentes.
Solução: Promover treinamentos sobre cultura justa e segurança do paciente, além de incentivar a notificação de eventos adversos, contribui para um ambiente mais seguro e alinhado aos padrões de qualidade (Reason, 2000).
- Documentação Incompleta ou Inadequada
Documentação deficiente ou desorganizada é um problema recorrente. A falta de registros apropriados dificulta a comprovação de conformidade com os critérios de avaliação.
Solução: Orientar as equipes sobre boas práticas de registro e gerenciamento de documentos, incluindo auditorias regulares e sistemas eletrônicos de gestão de informações (JCI, 2021).
- Falta de Conhecimento Técnico nas Equipes Avaliadas
Muitas vezes, as equipes avaliadas têm conhecimento limitado sobre os critérios e processos da ONA, o que pode gerar confusões e erros.
Solução: Realizar capacitações antes da avaliação oficial e fornecer materiais explicativos sobre os padrões e processos de acreditação (WHO, 2016).
- Gerenciamento do Estresse e da Carga de Trabalho
Avaliadores frequentemente enfrentam pressão devido ao cronograma apertado e à responsabilidade de emitir pareceres críticos. Isso pode levar ao desgaste físico e emocional.
Solução: Práticas de autocuidado, como pausas regulares durante as avaliações, e a participação em programas de apoio emocional ajudam a gerenciar o estresse e a evitar o burnout (Maslach et al., 2001).
- Adaptação às Realidades Regionais
No Brasil, as desigualdades regionais representam um desafio para os avaliadores, que precisam adaptar sua abordagem às condições locais, como carências tecnológicas ou escassez de recursos humanos.
Solução: Flexibilidade e empatia são fundamentais para lidar com as realidades de cada instituição, mantendo o foco no cumprimento gradual das metas de qualidade (Porter et al., 2013).
- Manutenção da Imparcialidade
Manter a imparcialidade ao avaliar instituições com diferentes níveis de preparação é outro grande desafio. Avaliadores devem evitar vieses pessoais ou emocionais durante o processo.
Solução: Seguir rigorosamente os critérios da ONA e buscar a validação das análises por outros avaliadores ou pares ajuda a garantir decisões justas e objetivas (JCI, 2021).
Conclusão
Ser um avaliador ONA exige competências técnicas, habilidades interpessoais e resiliência diante de desafios variados. No entanto, com estratégias baseadas em evidências, como comunicação eficaz, capacitação contínua e promoção de uma cultura de segurança, os avaliadores podem superar esses obstáculos e contribuir significativamente para a melhoria da qualidade nos serviços de saúde brasileiros.
Fonte da imagem: Envato
Fonte:
1. Kotter, J. P. (2012). Leading Change. Harvard Business Review Press.
2. Porter, M. E., & Lee, T. H. (2013). “The Strategy That Will Fix Health Care.” Harvard Business Review.
3. Grol, R., et al. (2013). Improving Patient Care: The Implementation of Change in Health Care. Wiley-Blackwell.
4. Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (2004). Strategy Maps: Converting Intangible Assets into Tangible Outcomes. Harvard Business School Press.
5. Reason, J. (2000). “Human Error: Models and Management.” BMJ, 320(7237), 768-770.
6. Joint Commission International (JCI). (2021). Accreditation Standards for Hospitals.
7. Maslach, C., et al. (2001). “Job Burnout.” Annual Review of Psychology, 52(1), 397-422.
8. World Health Organization (WHO). (2016). Standards for Quality of Healthcare Services. Geneva: WHO.