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Baseada nas mais atuais evidências científicas, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) esclarece os rumores que têm circulado sobre o vírus zika e suas consequências. Entre os assuntos abordados estão a liberação de mosquitos com a bactéria Wolbachia e o boato de que vacinas causam microcefalia.
 

 
 
A bactéria utilizada para controlar a população de mosquitos machos não está ajudando a espalhar o vírus zika
A Wolbachia é uma bactéria que pode deter vírus como os da dengue e zika em mosquitos, o que pode impedir a transmissão dessas doenças para seres humanos. Quando as fêmeas acasalam com machos que carregam a bactéria os ovos não eclodem – suprimindo assim as populações de mosquitos. A bactéria Wolbachia é encontrada em 60% dos insetos comuns, incluindo borboletas, moscas-das-frutas e alguns mosquitos.
Os mosquitos Aedes portadores dessa bactéria foram liberados como parte de testes experimentais em diversos lugares desde 2011 – incluindo Austrália, Brasil, Indonésia e Vietnã – para ajudar no controle da dengue (transmitida pelo mesmo mosquito responsável pelo vírus zika). Cientistas libertaram milhares de mosquitos infectados com Wolbachia no subúrbio do Rio de Janeiro em setembro de 2014 e repetiram a medida um ano depois. Essas implantações-piloto precisam ser monitoradas e avaliadas com o intuito de verificar se essas novas ferramentas são bem-sucedidas na interrupção da propagação e controle da doença. O Grupo de Controle Vetorial da OMS está preparando um manual sobre a melhor forma de planejar tais estudos. O documento deve ser lançado ainda neste ano.
Não existem evidências de que o vírus zika e suas consequências sejam causados por mosquitos geneticamente modificados no Brasil
Não há nenhuma evidência de que o vírus zika ou a microcefalia no Brasil sejam causados por mosquitos geneticamente modificados. Apenas mosquitos machos geneticamente modificados são liberados, por isso não há risco de transmissão de doenças, pois apenas os mosquitos fêmeas picam seres humanos. Os genes dos machos são modificados com o objetivo de futuramente causar a morte da prole. Essa prática é projetada para controlar as populações de mosquitos.
A OMS encoraja os países afetados pela epidemia e seus parceiros a impulsionar o uso das atuais intervenções para o controle de mosquitos como medida imediata de defesa e também para testar criteriosamente novas abordagens que podem ser aplicadas no futuro.
Não há evidência de que mosquitos esterilizados contribuam para a propagação do zika
Uma técnica que vem sendo desenvolvida para impedir o zika é o lançamento em massa de mosquitos esterilizados com baixas doses de radiação. Quando um macho estéril acasala, os ovos da fêmea não sobrevivem. A técnica vem sendo usada de forma bem sucedida e em larga escala para controlar insetos e moscas-das-frutas, por exemplo. Não há prova de que a técnica está associada ao aumento de casos de microcefalia ou qualquer anomalia ou má formação.
A OMS incentiva países afetados, bem como seus parceiros, a ampliar o uso das atuais ações de intervenção e controle como a forma mais imediata de reação, e a testar criteriosamente novas abordagens que possam ser utilizadas no futuro.
A maioria dos sintomas da infecção pelo vírus zika são diferentes daqueles causados pela gripe sazonal
Os sintomas em comum entre a gripe sazonal e a infecção pelo vírus zika são febre (com variação de intensidade) e dores musculares e articulares. A gripe sazonal pode causar doenças graves ou levar à morte. A doença é caracterizada pelo aparecimento súbito de febre alta, tosse (geralmente seca, podendo ser grave), dor de cabeça, dores musculares e articulares, mal-estar grave, dor de garganta e coriza.
A infecção pelo vírus zika geralmente causa uma doença leve e a maioria das pessoas não apresenta quaisquer sintomas. Os mais comuns são: febre baixa, erupções na pele, conjuntivite e dores musculares e articulares, que aparecem poucos dias após a picada de um mosquito infectado ou relação sexual com uma pessoa que está com o vírus. No entanto, há consenso científico de que o vírus zika é uma causa da microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré, que pode ser uma doença fatal.
Não existe repelente específico que seja mais eficaz contra o mosquito Aedes
Existem diversos repelentes eficazes contra todos os tipos de mosquitos, incluindo o Aedes. Repelentes eficazes contém DEET (diethyltoluamide), IR 3535 ou Icaridin, que são os ingredientes biologicamente ativos em repelentes de insetos. Os princípios ativos são listados no rótulo do produto. Os seguintes princípios ativos repelem ou matam o mosquito quando ele pousa ou se aproxima da pele: DEET (N, N-diethyl-3-methylbenzamide), IR3535 (3- [N-butyl-N-acetyl], aminopropionic acid ethyl-ester) ou Icaridin (piperidinecarboxílico acid-1, 2- (2-hydroxyethyl) – 1-metilpropilester).
Não há estipulação de percentual mínimo ou máximo dos princípios ativos. Os repelentes de insetos devem ser aplicados sob a pele exposta ou em roupas para evitar picadas de mosquitos. A OMS recomenda que as pessoas cubram a pele o máximo possível e use repelente como medida efetiva de proteção contra mosquitos que transmitem vírus como os da chikungunya, dengue, febre amarela e zika. O produto deve ser usado de acordo com as instruções da embalagem. Não existem evidências de quaisquer restrições do uso de repelentes por mulheres grávidas, desde que o produto seja utilizado de acordo com as instruções.
Não há evidências de que vacinas causam microcefalias em bebês
Não existe evidência relacionando qualquer vacina ao aumento de casos de microcefalia, identificados primeiramente na Polinésia Francesa, na epidemia de 2013-2014, e mais recentemente na Região Nordeste do Brasil.
Uma extensa revisão de literatura realizada em 2014 não encontrou evidências de que vacinas aplicadas durante a gravidez resultaram em má-formação nos recém-nascidos. O Comitê Global de Aconselhamento em Segurança de Vacinas, que oferece aconselhamento científico independente à OMS sobre questões de segurança, chegou a uma conclusão similar em 2014.
Além disso, agências reguladoras nacionais são responsáveis por garantir que produtos distribuídos para uso da população, como vacinas, sejam devidamente avaliados de maneira a obterem padrões internacionais de qualidade e segurança. A OMS auxilia os países no fortalecimento dos seus sistemas nacionais de regulamentação.
Não há evidência de que o inseticida pyriproxyfen causa microcefalia
Uma equipe de cientistas da OMS revisou recentemente dados sobre a toxicologia do pyriproxyfen, um dos 12 inseticidas recomendados pela OMS para reduzir as populações de mosquitos. Não foram encontradas evidências de que larvicidas afetam o curso da gestação ou o desenvolvimento do feto. A Agência Norte-Americana de Proteção Ambiental e investigadores da União Europeia chegaram a uma conclusão semelhante quando fizeram uma avaliação em separado do produto.
Larvicidas são armas importantes no arsenal da saúde pública. Especificamente em cidades e municípios nos quais não há água encanada, as pessoas costumam armazenar água potável em ambientes ao ar livre. Essas fontes de água, assim como água parada que pode se acumular no lixo, vasos de flores e pneus são criadouros ideais para os mosquitos.
Larvicidas como o pyriproxyfen são frequentemente usados em recipientes nos quais as pessoas armazenam água para matar o mosquito ainda em seu estágio larval. Quando as pessoas bebem água de recipientes que foram tratados com pyriproxyfen, elas são expostas ao larvicida – mas em quantidades pequenas que não causam danos à saúde. Além disso, 90% a 95% de qualquer larvicida são expelidos pela urina em até 48 horas. Esse produto vem sendo usado desde o final dos anos 90 sem qualquer relação com a microcefalia.
Peixes podem ajudar a acabar com o zika
Alguns países afetados pelo vírus zika e pela dengue estão usando métodos biológicos como parte de uma abordagem integrada de controle dos mosquitos. El Salvador, por exemplo, com grande apoio das comunidades de pescadores, está introduzindo peixes que se alimentam de larvas em recipientes de armazenamento de água.

 
FONTE: Organização Pan-Americana de Saúde