[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]
[ivory-search id="27469" title="Default Search Form"]
Um caso de óbito de paciente por aplicação indevida de uma medicação está sendo investigado pela Polícia Civil do município de Franca, nesta semana. A paciente que recebeu a medicação, a fotógrafa Zélia Lúcia Barbosa Moreira, sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu.
No depoimento da técnica de enfermagem que realizou a administração do medicamento, ela relatou o que ocorreu no dia em que aplicou duas injeções na fotógrafa, que passou mal poucos minutos depois de receber as medicações: “Foi me entregue a medicação errada. A medicação certa estava em outro local. Foi um funcionário que entregou pra mim. Nessa troca de plantão, ele me entregou e disse pra mim que era aquela medicação que era para ser administrada e o procedimento como era para ser feito”, afirma. A técnica de enfermagem afirma ainda que não deveria ter sido a responsável por aplicar a injeção em Zélia quando o tratamento da fotógrafa chegava ao fim. Ela diz que não consegue mais dormir e pediu desculpas aos familiares da vítima.

“Eu acho que nenhuma condenação assim, nenhuma punição que eu tiver é maior que minha consciência. Porque todo dia quando eu deito para dormir eu lembro do que aconteceu. Eu peço desculpas aos filhos. Me desculpe. Nada, nenhuma punição vai ser maior que minha consciência. Vou carregar para o resto da minha vida”, conclui.

Enfermeira usou dez ml de cloridrato de ropivacaína (um anestésico que não pode ser usado por via intravenosa), ao invés de aplicar antitóxico (Foto: Reprodução/ETPV)Polícia apreendeu frasco de remédio aplicado em fotógrafa em hospital de Franca (Foto: Reprodução/ETPV)

As equipes médicas foram mobilizadas e tentaram ressuscitar a vítima, que acabou morrendo horas após a injeção ter sido aplicada. Em nota, segundo o Portal G1, a Santa Casa de Franca lamentou o ocorrido e informou que instaurou uma sindicância para apurar os procedimentos. No boletim de ocorrência registrado pela instituição, o hospital confirma que a fotógrafa morreu em decorrência da troca de medicação.

LEIA MAIS:

 

O QUE APRENDEMOS COM MAIS ESTE EVENTO ADVERSO…

bolusDe acordo com a Farmacêutica e Diretora de Ensino e Capacitação do IBES, Aléxia Costa, “errar é humano…já sabemos que o fator humano influencia, e muito, na ocorrência de erros e eventos adversos em saúde. Distrações, correria, sobrecarga de trabalho, falta de treinamento…todos estes são fatores contribuintes para a ocorrência de erros com danos. Mas as organizações de saúde precisam focar esforços para estruturar barreiras efetivas para a prevenção de erros, especialmente os erros de medicação, com alta incidência em todo o mundo”.

A ropivacaína (medicamento erroneamente administrado neste caso) é um anestésico local de longa duração. A administração de altas doses produz anestesia cirúrgica, enquanto que em baixas doses, produz bloqueio sensitivo (analgesia). As injeções intravasculares acidentais de anestésicos locais podem causar efeitos tóxicos sistêmicos imediatos (dentro de segundos a poucos minutos). Na ocorrência de superdosagem, a toxicidade sistêmica ´pode ocorrer.

A única saída para evitar erros humanos que levam à subsequentes erros de medicação e eventos adversos junto aos pacientes é a implementação de barreiras de processo, de modo a “bloquear” o erro humano, quando este acontecer. É a famosa “Teoria do Queijo Suíço“. Neste caso específico, cujo dano evoluiu para óbito da paciente, algumas medidas preventivas poderiam ter sido aplicadas:

  1. Implantação de diretrizes para uso de medicamentos de alto risco, contemplando regras para a prescrição, dispensação e administração segura de medicações tais como anestésicos.
  2. Dupla checagem a administração de determinadas medicações de maior risco.
  3. Análise técnica de prescrições pelo farmacêutico antes da dispensação.
  4. Eliminação da prática de preparação de medicamentos por um profissional e administração por outro profissional.
  5. Conferência sistemática e checagem da medicação versus a prescrição médica, a cada administração, antes e após o preparo.
  6. Capacitação dos profissionais para uso e gerenciamento de medicamentos de alto risco/potencialmente perigosos.
  7. Uso de técnicas de checagem eletrônica da rastreabilidade do lote da medicação previamente à administração.

82732-8151226O apoio à família é essencial, através da implementação de práticas de Disclosure – Comunicação sobre eventos adversos ocorridos.

Tão importante quanto isso, é também o apoio à funcionária que cometeu o erro, sem a intenção de causar nenhum dano, através da implantação de práticas de apoio às segundas vítimas.

Acesse as Práticas Padrão Ouro do IBES sobre ambos os assuntos (Disclosure e Apoio às Segundas Vítimas) em: ACESSE AQUI!

Confira o Curso do IBES “Gerenciamento do Uso de Medicamentos em Organizações de Saúde“, que está com inscrições abertas! INSCREVA-SE AQUI!