- 25 de junho de 2025
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias

Farmacoeconomia no Uso de Antimicrobianos: Como Diminuir Custos com Segurança e Eficiência
Programas de Stewardship de Antimicrobianos reduzem custos com antibióticos, dias de UTI e readmissões
A farmacoeconomia é a análise do custo-benefício de tratamentos farmacológicos. No contexto de antimicrobianos, seu objetivo principal é garantir uso eficaz com custos otimizados, preservando a segurança do paciente. Análises econômicas como custo-minimização e custo-efetividade são as mais empregadas para avaliar regimes antimicrobianos equivalentes.
Escolhas terapêuticas economicamente eficientes
A comparação entre antibióticos equivalentes mostra que optar por regimes custo-efetivos pode gerar economia sem perda de eficácia. Custos de tratamento e hospitalização são:
Pacientes com infecções por MRSA
Tratamentos com linezolida tiveram ICER* abaixo do limiar de custo-efetividade, comprovando ser investimentos válidos em relação à vancomicina.
Programas de otimização do uso de antimicrobianos
Antimicrobial stewardship programs (ASPs – Programas de Stewardship / Gerenciamento de Antimicrobianos) promovem uso racional, com redução de consumo e custos. Revisões sistemáticas mostram queda no uso e manutenção de taxas de mortalidade e readmissão estáveis.
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Impacto financeiro dos ASPs
Estudos revelam que os Programas de Stewardship / Gerenciamento de Antimicrobianos reduzem custos diretos com antibióticos e custos indiretos (dias de UTI, readmissões).
Modelos de Markov e avaliação de custos no Brasil
Um estudo brasileiro comparou duas estratégias de Stewardship / Gerenciamento de Antimicrobianos: a estratégia combinada foi mais cara em desembolso imediato (+US$ 2.120), mas teve melhor resultado em custo por eficácia clínica.
Intervenções não farmacológicas de baixo custo
Medidas simples, como higiene de mãos, custam menos de US$ 1 por paciente e têm benefício comprovado na redução de infecções e custos.
Horizonte de tempo e dimensão da análise
Análises limitadas no tempo e escopo podem subestimar benefícios de longo prazo. Recomenda-se uso de modelos de transmissão para valorar efeitos amplos e prolongados.
Avaliação de custo-benefício de novos antimicrobianos
Novos antibióticos devem ser avaliados via ICERs* adaptados à realidade clínica e amostras compactas. Ferramentas de farmacoeconomia auxiliam em decisões de incorporação
Conclusão: farmacoeconomia como aliada da sustentabilidade
A farmacoeconomia aplicada aos antimicrobianos permite reduzir custos sem comprometer a qualidade. Estratégias como implementação de Programas de Stewardship / Gerenciamento de Antimicrobianos, escolha de antibióticos custo-efetivos, e uso de modelos robustos garantem sustentabilidade e segurança do paciente.
*O ICER (Incremental Cost-Effectiveness Ratio), ou Razão de Custo-Efetividade Incremental, é uma métrica central em análises econômicas de saúde e farmacoeconomia. Serve para quantificar quanto custa, a mais, cada unidade adicional de benefício em saúde ao comparar duas intervenções terapêuticas. O cálculo do ICER segue a fórmula:
ICER=C1−C0E1−E0\text{ICER} = \frac{C_1 – C_0}{E_1 – E_0}
- C₁: custo da intervenção nova
- C₀: custo da intervenção padrão
- E₁: efeito da intervenção nova (como QALY)
- E₀: efeito da intervenção padrão
Isso resulta em algo como “US$ 20.000 por QALY adicional”.
O efeito (denominador) geralmente utiliza unidades como:
- QALYs (Quality-Adjusted Life Years)
- Anos de vida ajustados pela qualidade
- Redução de sintomas, dias sem doença, etc.
Ao comparar intervenções, o ICER é avaliado contra um limiar de aceitabilidade, que representa quanto uma instituição está disposta a pagar por cada QALY extra. Por exemplo, o NICE (Reino Unido) usa entre ₤20.000 a ₤30.000/QALY.
- ICER abaixo do limiar: aceitável (boa relação custo-benefício)
- ICER acima: pode não ser custo-efetivo, requer revisão de preço ou valor
O ICER sempre compara duas ou mais opções, servindo para ranking de intervenções pelo custo-benefício, não apenas análise isolada. Por exemplo:
- Tratamento A custa $1.000 e ganha 2 QALYs
- Tratamento B custa $700 e ganha 1,5 QALYs
- ICER = (1000 – 700) / (2 – 1.5) = $600 por QALY
Análises de ICER são frequentemente acompanhadas por métodos como net benefit e testes de sensibilidade, para verificar robustez dos resultados. Muitos sistemas de saúde, como NICE (Reino Unido) e ICER (EUA — Institute for Clinical and Economic Review), utilizam o ICER em decisões de incorporação e precificação de novas tecnologias. O ICER fornece uma métrica padronizada: “custo por benefício adicional”. É essencial na decisão sobre alocação eficiente de recursos em saúde, ajudando a equilibrar eficácia e gasto.
Fonte da imagem: Envato
Referências Bibliográficas:
1. Aluzaite et al. (2024) Economic Evaluation of Interventions to Reduce AMR. PharmacoEconomics (link.springer.com)
2. Allel K. et al. (2024) Costs-effectiveness of pharmaceutical and non pharmaceutical interventions. BMJ Global Health (gh.bmj.com)
3. Paudel S., Kalbasi A. (2015) Systematic review of ASP outcomes. PLOS One (journals.asm.org)
4. Sciencedirect (2024) Economic impact of ASPs. (sciencedirect.com, journalofhospitalinfection.com)
5. Scielo Brasil (2016) Cost-effectiveness analysis of two ASPs. Braz J Infect Dis (scielo.br)
6. Springer (2024) Review of AMR interventions. (aricjournal.biomedcentral.com, colab.ws)
7. OUP (1998) Pharmacoeconomic aspects of antibiotic stewardship. (medical.theclinics.com, ccjm.org)