- 11 de outubro de 2016
- Posted by: Grupo IBES
- Category: Notícias
No alerta, as entidades médicas recomendam a adoção urgente de medidas que visem a prevenção e o controle dos casos detectados. Entre as necessidades apontadas constam: a ampliação do acesso das gestantes a programas de pré-natal, com acompanhamento de médicos para o diagnóstico e a prescrição de tratamento; a formação de equipes multidisciplinares para assegurar cuidado integral à gestante e dar seguimento ao plano terapêutico para cada situação; e a oferta de quantidades suficientes de penicilina benzatina para tratar gestantes e seus parceiros e de penicilina cristalina para crianças com sífilis congênita.
No entendimento dos especialistas, a superação do problema exige ainda a garantia às gestantes ao acesso à exames de detecção da doença (VDRL) em todo o pré-natal, com assistência integral às mulheres soropositivas; a conscientização dos homens a buscar tratamento, quando houver diagnóstico da doença, reduzindo-se chances de (re)contaminação de suas parceiras; e a elaboração de estudos e qualificação do sistema de vigilância sanitária para identificar o motivo exato do aumento da incidência para fortalecer o esforço de prevenção e tratamento.
Para o conselheiro Sidnei Ferreira, coordenador da Câmara Técnica de Pediatria do CFM, a adoção dessas medidas pode trazer benefícios importantes para a redução da incidência dos casos de sífilis congênita no Brasil. “Tudo o que está sendo preconizado é simples e de baixo custo. Mais do que uma questão técnica, estamos diante de uma decisão política dos gestores. Cabe a eles entender a prioridade que deve ser dada ao problema que, se persistir, terá consequência sombrias para as futuras gerações”, disse.
Epidemia – As infecções provocadas por sífilis avançam no Brasil em um ritmo sem precedentes. A taxa entre gestantes aumentou de 3,7 para 11,2 a cada 1 mil nascidos vivos entre 2010 e 2015. Pelos cálculos atribuídos ao Ministério da Saúde, o aumento está em torno de 202%.
No caso da sífilis congênita, a situação é igualmente preocupante. As taxas foram de 2,4 para 6,5 casos para cada 1 mil nascidos vivos no mesmo período. No ano passado, o País registrou em torno de 40 mil casos de sífilis congênita. As mortes provocadas pela doença também cresceram de forma expressiva, sobretudo no último ano. No País, a taxa de mortalidade é de 7,4 casos para cada 100 mil nascidos vivos.
No entendimento de Ferreira, trata-se de uma questão de interesse nacional e coletivo. “Juntos, governo, médicos e sociedade devem enfrentar esse quadro sombrio. Não tratar o tema com a prioridade devida é negligenciar responsabilidades constitucionais e, principalmente, abandonar uma parcela significativa da população em momentos únicos e delicados, como a gestação e o nascimento”, afirmou.
Como parte do esforço para prevenir o aparecimento de casos de doenças sexualmente transmissíveis, esse ano o Conselho Federal de Medicina já havia recomendado aos médicos que médicos brasileiros que se oferecessem aos pacientes, em consulta, a solicitação de testes sorológicos para HIV, sífilis, hepatites B e C. Os profissionais também foram orientados a oferecer informações sobre formas de prevenção ás infecções.
ALERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA
Prevenção à sífilis congênita – uma prioridade em saúde pública
A prevenção à sífilis congênita se impõe como tema prioritário na agenda da saúde da criança. Nos últimos sete anos, os casos notificados dessa doença triplicaram. Em 2008, eram dois casos de neonatos contaminados em cada grupo de mil nascidos vivos. Em 2015, esse índice passou a ser de 6,5. No mesmo período, a taxa de sífilis registrada em mulheres grávidas aumentou de 2,7 para 11,2 casos a cada mil gestações.
Assim, após análise do tema feita pela Câmara Técnica de Pediatria, o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Federação Brasileiras das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) exigem dos governos a adoção de um plano de prevenção à transmissão vertical da sífilis que contemple os seguintes aspectos:
1) Ampliação do acesso a programas de pré-natal, com acompanhamento de médicos para o diagnóstico e a prescrição de tratamento;
2) Formação de equipes multidisciplinares para assegurar cuidado integral à gestante e dar seguimento ao plano terapêutico para cada situação;
3) Oferta de quantidades suficientes de penicilina benzatina para tratar gestantes e seus parceiros e de penicilina cristalina para crianças com sífilis congênita;
4) Garantia às gestantes ao acesso a exames de detecção da doença (VDRL) em todo o pré-natal, com assistência integral às mulheres soropositivas;
5) Conscientização dos homens a buscar tratamento, quando houver diagnóstico da doença, reduzindo-se chances de (re)contaminação de suas parceiras;
6) Elaboração de estudos e qualificação do sistema de vigilância sanitária para identificar o motivo exato do aumento da incidência para fortalecer o esforço de prevenção e tratamento.
A adoção dessas medidas simples e de baixo custo pelos gestores pode representar a intenção técnica e política de reduzir os problemas causados pela sífilis congênita no Brasil. Trata-se de um esforço ao qual os médicos brasileiros já se alinharam por meio da Recomendação CFM nº 2/2016, que dispõe sobre oferecer aos pacientes, em consulta, a solicitação de testes sorológicos para HIV, sífilis, hepatites B e C, bem como orientá-los sobre a prevenção destas infecções.
Juntos, governo, médicos e sociedade devem enfrentar esse quadro sombrio. Não tratar estes temas com a prioridade devida é negligenciar responsabilidades constitucionais e, principalmente, abandonar uma parcela significativa da população em momentos únicos e delicados, como a gestação e o nascimento, a preservação da saúde e da vida humana.
Brasília, 7 de outubro de 2016.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM)
FEDERAÇÃO BRASILEIRAS DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO)
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP)