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Como combater o racismo e impedir que isso dificulte o acesso à saúde?

O racismo é uma forma de discriminação que considera a raça como fundamento de práticas que culminam em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual pertençam.

Segundo David Williams e Naomi Priest, o racismo opera sobre a saúde através de múltiplos mecanismos e as vias através das quais essas causas distais impactam a saúde podem mudar com o tempo. Por exemplo, o racismo institucional e cultural pode afetar adversamente a saúde através de estigma, estereótipos, preconceito e discriminação racial. Essas dimensões do racismo podem levar a diferenças no acesso a recursos econômicos e vários outros recursos e oportunidades sociais. O racismo não é o único determinante dos mecanismos intervenientes, mas sua presença como causa fundamental em uma sociedade pode modificar e transformar outros fatores causais e pode exacerbar os impactos negativos de outros fatores de risco para a saúde. Por exemplo, o estresse é visto como uma das vias intervenientes. O racismo dispara e sustenta alguns tipos de estressores como a discriminação e trauma histórico, mas pode também afetar os níveis, a conjunção e o impacto de estressores como o desemprego, dificuldades financeiras, violência de vizinhos, ou exposição a agentes físicos e químicos nos ambientes residenciais e de trabalho.

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Como combater o racismo e impedir que isso seja fator determinante no acesso à saúde de qualidade e igualitária para todos os brasileiros. Esse foi o tema de reunião realizada nesta sexta-feira (13) entre a ministra da Saúde, Nisia Trindade, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, que debateram o Programa Integral da População Negra e o Projeto Saúde em Territórios, Favelas e Periferia.

“O governo não pode estar isolado dos movimentos sociais. O Brasil hoje tem novas formas de movimentos sociais de protagonismo que foram atacadas nos últimos anos. Nossa papel agora é de reconstrução”, disse Nísia.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, acrescentou ser necessário pensar em ações urgentes e, sobretudo, concretas. “Quando ainda hoje entro na [comunidade] Maré, no Rio de Janeiro, e vejo a precariedade por lá, desde aos serviços de saúde até acesso à informação, vejo que o desafio de desenvolver políticas públicas é ainda maior”.

Entre os eixos discutidos pelas ministras para o enfrentamento das desigualdades, estão:

  • Incentivar os gestores a investirem em ações para as populações mais vulneráveis;
  • Incluir a política nos planos de gestão dos sistemas;
  • Incluir o tema racismo no processo de educação permanente;
  • Fomentar a realização de estudos e pesquisas;
  • Investir na qualidade dos sistemas de informação e qualificar a assistência;
  • Enfrentar o racismo institucional e as estruturas burocráticas do Estado.

A reunião também contou com a participação de representantes de organizações de movimentos negros e pela saúde das mulheres, que cobraram atualizações, orçamento e efetividade das políticas de equidade e igualdade.

“Fazer igualdade racial é muito difícil porque requer discussões sobre poder. A igualdade não se trata só de oferecer as mesmas coisas para todos, mas ainda de reconhecer a humanidade entre nós”, afirmou Lúcia Xavier, coordenadora da ONG Criola.

“Queremos implementar a política de saúde à população negra a partir da sua marca: a política tem força de lei”, disse Luís Eduardo Batista, representante da coordenação de Saúde da População Negra do Ministério da Saúde.

Entre as autoridades presentes na reunião, estavam o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, e o secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe.

Fonte da imagem: Freepik

Fonte: • Ministério da Saúde
• David R. Williams et Naomi Priest. Racismo e Saúde: um corpus crescente de evidência internacional. DOSSIÊ Sociologias 17 (40). Sep-Dec 2015.



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