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Cannabis e Tratamentos Fitoterápicos no Manejo da Dor Crônica: O Que a Evidência Atual nos Revela

O uso de produtos com proporções específicas de THC/CBD pode ter efeito modesto e de curto prazo

A “Living Systematic Review” da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ, dos EUA) avalia continuamente a eficácia e os riscos de tratamentos baseados em plantas, como a Cannabis, para dor crônica e subaguda em adultos e adolescentes.

A abordagem “Living” permite incorporar novas evidências à medida que surgem, com atualizações anuais e vigilância trimestral, otimizando a relevância clínica da revisão. A atualização de 2024 incorporou três novos ensaios clínicos randomizados (RCTs) e dois estudos observacionais, totalizando 29 RCTs e 14 estudos observacionais até então.

 

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Em pacientes com dor crônica, sobretudo neuropática, produtos orais extraídos com proporção comparável de THC para CBD mostraram pequenhos, mas estatisticamente significativos benefícios na intensidade da dor (MD ≈ –0,54 numa escala de 0 a 10) e leve melhora funcional (MD ≈ –0,42), ambas com evidência de força moderada.

Contudo, esses produtos também aumentaram significativamente os riscos de tontura, sedação (evidência de força moderada a baixa), e náusea (evidência de força baixa).

 

 

Produtos sintéticos ou purificados com alta proporção de THC também apresentaram leve redução da dor (evidência de força baixa), mas com aumento relevante de eventos adversos como tontura, sedação e náusea.

Produtos com baixa proporção de THC para CBD, incluindo CBD isolado ou combinação ~1:2, não demonstraram melhora significativa em dor ou função quando comparados a placebo (SOE: moderada a baixa), e ainda apresentaram risco elevado de náusea.

A revisão destacou lacunas importantes: faltam evidências adequadas sobre cannabis “whole-plant” (planta inteira), CBD tópico, comparações com tratamentos não canabinoides, uso de opioides e impactos neurológicos ou psiquiátricos relevantes (psicose, dependência, déficit cognitivo)

O panorama reforça que o uso de produtos com proporções específicas de THC/CBD pode ter efeito modesto e de curto prazo, mas exige cuidadosa avaliação do perfil adverso, especialmente tontura, sedação e náusea bioquímica. Ademais, o uso clínico desses fitoterápicos não deve substituir estratégias não farmacológicas ou protocolos baseados em evidência robusta, que permanecem como pilares do manejo da dor crônica.

A revisão serve como ferramenta fundamental para clínicos, gestores e policymakers, ao fornecer uma síntese atualizada e transparente da eficácia e segurança desses compostos fitoterápicos, sempre reforçando a importância do julgamento clínico individualizado.

Conclui-se que os benefícios dos canabinoides extraídos com THC/CBD comparáveis são pequenos; os produtos de alta THC oferecem pouco ganho adicional com mais risco; e os produtos de baixa THC provavelmente não são eficazes. Há necessidade clara de mais estudos de longo prazo, comparativos e que avaliem impactos amplos à saúde.

 

Fonte da imagem: Envato

Referências:

1. McDonagh MS et al. Living Systematic Review on Cannabis and Other Plant-Based Treatments for Chronic Pain: 2024 Update. AHRQ Publication No. 25-EHC013. Rockville, MD; setembro 2024.
2. Chou R, Wagner J, Ahmed AY, et al. Living Systematic Review on Cannabis and Other Plant-Based Treatments for Chronic Pain: 2022 Update. AHRQ Publication No. 22-EHC042. Rockville, MD; setembro 2022.



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