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Ver Além do Olhar: A Importância do Gerenciamento de Riscos em Oftalmologia

Gerenciar riscos pode reduzir em até 30% a ocorrência de eventos adversos em oftalmologia

A oftalmologia é uma das especialidades médicas mais inovadoras da atualidade, marcada por avanços tecnológicos como cirurgias a laser, lentes intraoculares de última geração e terapias genéticas para doenças oculares raras. No entanto, junto com esse progresso, surgem também novos riscos clínicos, assistenciais e operacionais que podem comprometer não apenas a visão, mas também a segurança e a vida dos pacientes.

Em um cenário no qual a segurança do paciente tornou-se um indicador central de qualidade, o gerenciamento de riscos em oftalmologia é um tema indispensável para instituições de saúde, gestores e profissionais da área.

 

Leia mais: 10 Dicas para melhorar a experiência do paciente em serviços de oftalmologia

 

Por que a oftalmologia é uma especialidade de alto risco?

Embora muitas pessoas associem os procedimentos oftalmológicos a intervenções rápidas e minimamente invasivas, a realidade é que se trata de um campo com altíssimo grau de complexidade técnica. Um erro em uma cirurgia de catarata, por exemplo, pode resultar em cegueira irreversível. Estudos apontam que a taxa de complicações graves após cirurgias oftalmológicas pode variar entre 0,1% e 0,5%, dependendo da complexidade do procedimento e das condições clínicas do paciente (Neuhann et al., Journal of Cataract & Refractive Surgery, 2019).

Além disso, a oftalmologia envolve:

  • Uso intensivo de tecnologia de ponta (microscópios, lasers, injetores de lentes intraoculares);
  • Pacientes em idade avançada, frequentemente com comorbidades;
  • Procedimentos ambulatoriais de alto volume, que exigem processos bem padronizados;
  • Riscos de infecções raras, porém devastadoras, como a endoftalmite pós-operatória.

 

 

O impacto do gerenciamento de riscos

O gerenciamento de riscos na oftalmologia permite identificar, avaliar, monitorar e mitigar potenciais falhas nos processos assistenciais.

Entre os principais benefícios estão:

  • Redução de eventos adversos, como infecções pós-operatórias e erros de medicação ocular.
  • Maior segurança cirúrgica, por meio de checklists específicos e protocolos de esterilização.
  • Padronização de processos, especialmente em centros de cirurgia de catarata de alto volume.
  • Fortalecimento da confiança do paciente, um fator decisivo em especialidades que impactam diretamente a qualidade de vida.

Um estudo publicado no BMJ Quality & Safety (2018) destaca que a implementação de programas de gerenciamento de riscos pode reduzir em até 30% a ocorrência de eventos adversos em procedimentos oftalmológicos.

 

Exemplos práticos de riscos em oftalmologia

  1. Riscos cirúrgicos: complicações intraoperatórias, falhas na esterilização de instrumentos, uso incorreto de lentes intraoculares.
  2. Riscos assistenciais: administração errada de colírios ou medicamentos intravítreos.
  3. Riscos de infraestrutura: falhas em equipamentos de laser ou microscópios cirúrgicos.
  4. Riscos organizacionais: ausência de protocolos de rastreabilidade e monitoramento de indicadores de segurança.

 

O papel da governança clínica

O gerenciamento de riscos não deve ser visto como responsabilidade exclusiva do cirurgião oftalmológico. Ele precisa estar inserido em uma estrutura de governança clínica, com participação multiprofissional e foco em resultados sustentáveis.

Isso significa integrar áreas como:

  • Enfermagem oftalmológica;
  • Engenharia clínica;
  • Farmácia hospitalar;
  • Controle de infecção;
  • Gestão da qualidade.

 

A experiência do paciente como diferencial

O cuidado oftalmológico vai além da técnica cirúrgica. A experiência do paciente é profundamente impactada pela comunicação clara sobre riscos, orientações pré e pós-operatórias e acompanhamento contínuo.

Um relatório da World Health Organization (WHO, 2021) reforça que a confiança do paciente em especialidades sensíveis, como a oftalmologia, depende da percepção de segurança e do envolvimento ativo do paciente em seu cuidado.

 

Importância da acreditação em oftalmologia

A acreditação de serviços oftalmológicos, conforme os padrões da ONA e do IBES, é essencial para garantir a segurança do paciente, melhorar os resultados clínicos e promover a melhoria contínua dos processos assistenciais. Instituições acreditadas demonstram compromisso com a excelência, adotando práticas que asseguram um atendimento de alta qualidade e confiança para os pacientes

 

Conclusão

O gerenciamento de riscos em oftalmologia não é apenas uma exigência regulatória ou uma recomendação de acreditação: é uma estratégia essencial para a sustentabilidade e excelência da prática médica.

Instituições que priorizam a segurança e investem em processos estruturados de gerenciamento de riscos não apenas reduzem falhas, mas também constroem uma reputação sólida e diferencial competitivo no mercado de saúde.

Afinal, cuidar da visão é cuidar daquilo que conecta o ser humano ao mundo. Não há espaço para riscos evitáveis quando o que está em jogo é a qualidade de vida e a dignidade do paciente.

 

Fonte da imagem: Envato

Referências:

• Neuhann, T. et al. (2019). Intraoperative complications in cataract surgery: Incidence and risk factors. Journal of Cataract & Refractive Surgery, 45(11), 1517–1523.
• World Health Organization. (2021). Patient safety and quality of care in ophthalmology. WHO Report.
• Donaldson, L., Fletcher, M. (2018). Patient safety in ophthalmology: risk management strategies. BMJ Quality & Safety, 27(9), 737–745.



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