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Completamos 1 ano de pandemia no Brasil, mas este não é o tipo de aniversário que gostaríamos de comemorar. Com certeza você deve estar acompanhando os noticiários e percebendo (ou participando ativamente) as movimentação e discussões das pessoas em torno desse momento tão crítico que estamos enfrentando .

Diversas regiões estão sofrendo com a super lotação nas UTIs e Enfermarias, algumas delas com falta de recursos (humanos, materiais, medicamentos) para tratar adequadamente os pacientes, precisando tomar decisões imediatas em tempos de crise. Se você é um profissional da área da saúde deve estar se identificando e visualizando perfeitamente esse cenário.

Quantos hospitais, clínicas e serviços de saúde mudaram radicalmente os seus fluxos, processos  e até mesmo espaços físicos? Quantos profissionais tiveram que trabalhar em plantões extras para atender ao crescimento de demanda, ou mesmo para cobrir a ausência de colegas acometidos pela doença e que precisaram se afastar? Quantos profissionais assistenciais tiveram que atuar em outras frentes que não a sua “expertise”, e outros tantos viram suas atividades eletivas paralisadas por completo. Empresários de todos os portes têm sido impactados, alguns precisando “fechar as portas”, encerrar seus contratos, desligar profissionais e suportar prejuízos financeiros.

Se, por si só esse cenário de guerra já é  suficientemente estressante, as contramedidas necessárias, e tão importantes, para conter o avanço da pandemia (tal como o isolamento social) trazem consigo alguns agravantes da tensão

Nossa rotina como sociedade tem sido extremamente afetada, em todos os sentidos, seja no âmbito corporativo, social, econômico, educacional ou da saúde. Todos tivemos que mudar e nos adaptar à novas demandas, estruturas e desafios. Saímos de nossa zona de conforto e não iremos voltar para ela tão cedo (ou nunca mais?), quanto mais nossas instituições se reinventaram, reviram conceitos, quebraram paradigmas organizacionais e culturais para se adaptar a este momento. E como toda mudança gera um esforço e até mesmo um certo desgaste, não dá para sairmos ilesos e isentos desse impacto de novas diretrizes. Existe um período de transição que deve ser muito bem planejado e monitorado pelos líderes.  Novas ferramentas e mudanças no ambiente demandam um tempo de para absorção e maturação entre os seus envolvidos.

Ouvimos dizer, que nesse período de um ano houve um movimento de aceleração de transformação digital comparável ao que era esperado para um prazo de 5 a 10 anos. Empresas de todos os formatos, tamanhos, regiões e segmentos passaram a digitalizar os seus serviços, realocar profissionais para home-office, transferir sua infraestrutura para servidores na nuvem, reuniões presenciais se solidificaram no modelo remoto. O e-commerce tornou-se mais forte junto com o marketing para as mídias sociais. Marketplaces e anúncios online, e tem revisado todo seu processo de logística para atender aos seus clientes. Também vimos alguns movimentos de fusões, aquisições, e surgimento de startups bilionárias, destacando-se no modelo ágil de gestão e atendimento às necessidades dos clientes. O foco no cliente nunca foi tão significativo. Diz-se que, se um dia o poder da economia esteve na mão das grandes corporações, hoje esse poder foi transferido para a mão do cliente. Este, por sua vez ainda está entendendo essa mudança de paradigma, mas já percebe como as empresas de tecnologia tem utilizado suas informações para agregar valor e alcançar melhores resultados, ao mapearem o perfil e comportamento dos seus clientes.

As empresas que atuam com profissionais do conhecimento também começam a perceber o funcionário como fator diferencial em sua estratégia, e não apenas como uma força de trabalho como era no período industrial. Como atrair e manter um profissional talentoso feliz e produtivo é uma pergunta que está na cabeça de muitos RH’s e gestores, que enxergam na psicologia modelos de felicidade para manter a produtividade. Algumas empresas anteriormente construíram ambientes motivacionais – tais como salas de jogos, televisores, salas de meditação, copas com frutas e lanches. Tudo isso também foi necessário reconstruir, enquanto estratégia para as pessoas que estão em isolamento, agora com foco em propiciar acessos à aplicativos de saúde e bem-estar ou à aplicativos de streaming de entretenimento e educação.

Com menos tempo de deslocamento em trânsito e mais tempo dentro de casa, muitas pessoas passaram a procurar atividades para ocupar esse espaço, seja trabalhando por mais tempo sem limites claros entre a vida profissional e pessoal, seja buscando novas capacitações ou especializações, ou em outras atividades que podem ter uma finalidade construtiva ou podem surgir por uma sensação de “culpa” – falsa ociosidade por estar em casa, e podem, ou não, ter a estrutura correta para uma boa produtividade.

A presença das crianças dentro de casa e fora do ambiente físico de socialização da escola com a migração do ensino para o online,  também é um componente dessa lista  exaustiva de impactos que surgiram à partir da necessidade de isolamento. Esses limites também passaram a fazer parte agora da cultura organizacional.

Todos esses elementos citados aqui (situação de crise na saúde, restrições de circulação e horário de funcionamento de atividades comerciais, impactos na economia, aceleração da tecnologia e mudanças de rotina na vida pessoal)causam também um impacto em nossa saúde mental e emocional, que se inicia de forma silenciosa e gradativa, ganhando escala de forma pouco perceptiva até “explodir” e/ou dominar a vida da pessoa fadigada.

Algumas pessoas vão convivendo com situações aparentemente inofensivas, como por exemplo um grande volume de e-mails recebidos diariamente ou conteúdo disponível via internet 24 horas, e se vê com o impulso de consumir todas as informações de forma rápida, porém sem filtrar a relevância de cada tema pode acabar se perdendo no volume no e/ou no acúmulo da quantidade, aumentando continuamente a ansiedade no dia seguinte. Essa situação não é incomum e nem rara, inclusive há um termo para isso: FOMO, sigla em Inglês Fear Of Missing Out, que quer dizer em tradução livre, Medo de Perder Algo. Essa situação, junto com o grande volume de dados que consumimos hoje, conhecida também como Infoxicação – Intoxicação por excesso de Informações, tem impactado os diversos profissionais, principalmente no mundo da saúde, pela necessidade imediata de atualização frente à pandemia.

Ou seja, além da carga emocional e física de stress que já estávamos acostumados a lidar em nossas vidas e trabalhos, temos lidado com uma série de novos elementos que não aprendemos ainda a administrar. Não é de se estranhar então que o aumento no número de suicídios nos últimos anos esteja entre as principais preocupações da OMS- Organização Mundial da Saúde, e tem sido um dos responsáveis pelo surgimento de Startups e movimentos pró-saúde mental, resultando em grandes quantidades de downloads de aplicativos e conteúdos relacionados à saúde e bem-estar.

Talvez o conteúdo que você leu até agora não seja considerado exatamente como uma novidade, ou se for, espero que tenha lhe ajudado a refletir sobre e não ter gerado mais stress e ansiedade. Meu objetivo nesse mês, através desse artigo, é gerar uma conscientização em torno do assunto e trazer uma provocação de utilização da tecnologia alinhada à cultura organizacional como uma contramedida ao excesso de tecnologia (parece contraditório, e é mesmo) e outros elementos já descritos aqui.

Se a utilização do celular de forma ininterrupta for o seu caso, e eu sei que é difícil lutar contra a necessidade de estar conectado o tempo todo, mas como alguns exercícios de desapego é possível. A maioria dos smartphones hoje tem configurações que controlam o tempo de uso e é possível habilitar e desabilitar os avisos de atualização ou novas mensagens.

Leia também: 10 recomendações sobre como noticiar suicídios, segundo a OMS

Isso é importante porque antes de gerenciarmos uma ferramenta, precisamos aprender a gerenciar nossos impulsos, nosso emocional, nossos pensamentos. É fácil os deixar levar por estímulos externos, mas precisamos nos lembrar de tomar posse de nós mesmos. Precisamos estar conscientes e presentes no que estamos fazendo, de preferência sem muitas distrações para iniciar e concluir uma atividade. Precisamos aprender a cuidar de nós mesmos, a observar mudanças de padrão em nossos pensamentos e identificar as causas, e até mesmo de forma intencional mudar os pensamentos.

A tecnologia também pode nos ajudar a organizar nossa rotina, nossos horários de sono, a registrar e comparar as atividades físicas que fazemos e que impactam tanto em nossa saúde mental como um todo. Alguns aplicativos nos ajudam até a lembrar de tomar água. Podem nos ajudar com a agenda, podem nos ajudar a nos distrair, ser mais eficiente em gestão do tempo, em comunicações assertivas e apesar de não oferecer ainda o acolhimento do toque humano, pode nos aproximar de tantas pessoas, reduzindo a solidão e gerar conhecimento e prazer no caminho.

Se você é um profissional da área de saúde, se é um gestor, se fez algum juramento para exercer a sua profissão e/ou se enxerga valor em ajudar outras pessoas, eu venho aqui lembrar você da sua responsabilidade de cuidar de si mesmo em primeiro lugar , para que possa ser mais eficiente no seu propósito. O que você tem feito por você para estar na melhor condição possível para realizar a sua missão? Como você pode atuar para impactar positivamente a cultura organizacional da sua instituição?

Seja qual for a ferramenta que você escolha para te ajudar nessa jornada, seja preventiva ou de suporte para o momento que você está vivendo, não deixe de criar um novo hábito positivo e executá-lo diariamente.

Só assim poderemos gerenciar nosso ambiente externo, criando uma governança interna adequada, acompanhando nossos planejamentos estratégicos monitorando os riscos pessoais, profissionais e institucionais, executando planos de ações mais efetivos, atuando diretamente na causa-raiz dos processos de “dor”, inovando e buscando o aumento de maturidade de forma contínua.

 

Autor: André Pádua

Sobre o autor: Profissional certificado em metodologias Ágeis, Pós Graduado em Gestão de TI, com experiência de mais de 15 anos na área de Tecnologia em empresas de grande porte das áreas financeira e varejo, atuando com Gestão Estratégica de Fornecedores, Gestão de Processos, Governança, Controladoria, Gestão Orçamentária e Desenvolvimento de Sistemas.

Fonte da imagem: FreePick



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