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O processo cirúrgico é um dos mais críticos das instituições de saúde, uma vez que concentra a possibilidade da ocorrência de erros ou quase-erros usualmente de grande gravidade.

A cirurgia em local errado (wrong-site surgery – WSS) é o quarto evento sentinela mais comum (após suicídio do paciente, complicações operatórias e pós-operatórias e erros de medicação). A má interpretação das informações clínicas ou dos exames de radiologia é a razão mais comum para o local errado ser marcado antes da cirurgia. De acordo com Carayon e colaboradores, pode ser compreendida como um procedimento realizado:

  • No lado ou local errado do corpo (por exemplo, no rim direito ao invés do rim esquerdo);
  • No paciente errado (por exemplo, quando um paciente de mesmo nome é operado no lugar do paciente correto);
  • De forma errônea (ou seja, o procedimento executado foi incorreto);

Frente à ocorrência de qualquer um desses casos, há 4 caminhos usualmente sendo seguidos pelas organizações de saúde, segundo um artigo recém publicado na Revista JAMA:

  1. Desculpar-se com o paciente, remarcar o procedimento correto e não realizar mudanças no processo institucional vigente;
  2. Não informar sobre o erro ao paciente, mas informá-lo que o relatório da doença indica a necessidade de outros procedimentos e remarcar a cirurgia;
  3. Recusar-se a ver o paciente até que mais informações sobre o gerenciamento de risco sejam obtidas;
  4. Informar sobre o erro e desculpar-se com o paciente, oferecer-se para remarcar o procedimento correto, e apresentar o caso à alta gestão.

 

Escolha a opção 4, implementando também um Protocolo de Disclosure! A falta de transparência com o paciente gera a perda da credibilidade e aumenta a probabilidade do paciente mudar de profissional/instituição, bem como lançar mão de ações jurídicas, geralmente por falhas na comunicação com a organização.

Em relação ao Disclosure: trata-se do protocolo a ser adotado por toda a Instituição quando da ocorrência de um evento adverso e sua forma de partilhar isso com o paciente e familiares. O entendimento é que num momento em que algo não acontece como planejado o desejo das pessoas é saber, honestamente, o que houve, quais as medidas tomadas para atenuar ou reverter o dano e o que será feito para que não volte a acontecer.

Comunicar a ocorrência de erros ou incidentes/eventos adversos (com dano ou sem), de forma transparente, aumenta a confiança dos pacientes e familiares em relação aos profissionais/instituição e reduz a possibilidade de medidas legais.

 

Acompanhe também: ACSA lança Recomendações sobre Biossegurança na sala cirúrgica

 

A escolha por seguir a quarta opção implica em:

  1. Discutir o caso com um líder/gerente de risco confiável a fim de decidir quais informações compartilhar com o paciente como preparar-se para as reações do mesmo e como a instituição lidará com os custos extras;
  2. Conversar com o paciente sobre o erro, a investigação que será feita e os próximos passos;
  3. Remarcar a cirurgia;
  4. Avaliar o processo identificando os fatores que contribuíram para a falha e corrigi-los.

 

Cirurgias em locais errados exige uma análise de causa seguida por uma ação corretiva. Por meio desta abordagem estruturada, multidisciplinar e sistêmica, é possível entender o processo que ocasionou o evento, preveni-lo e preparar os colaboradores sobre como agir em situações similares. O silêncio só irá colaborar com a proliferação de erros.

 

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Neste episódio, Aléxia Costa comenta um estudo sobre as causas dos erros de medicação:

 

Referências:

Kathryn E. Engelhardt; Cynthia Barnard; Karl Y. Bilimoria. Wrong-Site Surgery. JAMA Performance Improvement. Novembro de 2018.

Deborah F. Mulloy; Ronda G. Hughes. Patient Safety and Quality: An Evidence-Based Handbook for Nurses – Chapter 36 Wrong-Site Surgery: A Preventable Medical Error. National Center for Biotechnology Information. 2006.

Carayon P, Schultz K, Hundt AS. Righting wrong site surgery. Jt Comm J Qual Saf. 2004;30:405–10.

 

Hanchanale, Vishwanath et al. “Wrong site surgery! How can we stop it?” Urology annals vol. 6,1 (2014): 57-62.



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